“Antes mesmo de te formar no ventre materno eu te conheci, antes que
nascesses eu te consagrei, e te constitui profeta para as nações.”
(Jeremias – 1: 4,6)
Fui
criado em um âmbito familiar onda a oração e a fé em Deus nunca esteve em
primeiro lugar, embora minha avó ― por quem fui instruído e convivo até os dias
de hoje ― sempre me levasse às missas de domingo e as aulinhas de
catequese...
Nas manhãs de domingo quando eu ia à igreja, sempre achava tudo muito
fascinante e diferente por lá, pois escutava os catequistas falarem de um Deus
que morava no céu e que cuidava de nós aqui na terra.
Apesar de tornar-me fascinado com aquela história, confesso também, ter me
confundido “pra caramba”: para uma criança, quem poderia morar lá no céu? Era difícil para minha
mentalidade compreender.
Por
mais que eu não entendesse nada do que os catequistas e os padres diziam, sabia
que algo poderoso e maior do que pudesse entender, estava acontecendo.
Por diversas vezes aplaudia ou gesticulava algo, só porque era o que todos
estavam fazendo ― batia palmas por medo; medo de que se não aplaudisse e
ficasse apenas olhando os demais, Deus fosse pensar que eu não soubesse como
rezar para Ele.
Eu era travado em meu mundo infantil de traumas, medo e questionamentos sobre a
vida suprema de um Deus todo poderoso...
Acabei chegando à conclusão de que não sabia como rezar, mesmo.
E de que talvez não necessitasse tanto de ir à igreja; fui deixando de lado as
orações infantis que havia aprendido no período de catequese, e, que sempre me
cobrava repetir antes de dormir para agradar ao Pai lá de cima.
Afastei-me de Deus e de tudo que, conjuntamente me fascinava e me confundia
dentro do templo.
Há
pelo menos sete anos, eu ainda estava fora da igreja e de tudo relacionado a
ela. Estudava durante toda a semana e aos domingos só queria saber de dormir,
não existiam motivações em mim que me levassem até a igreja para servir, ou,
algo do tipo.
Embora, em meu coração existisse o profundo poço vazio da solidão e saudades de
um Deus que me fascinava e que queria ter-me, mas, que precisava que
primeiramente “EU” me dobrasse em oração para buscá-lo.
“Buscar-me-eis, e me
achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz
o Senhor…” (Jeremias 29.13-14).
Em
janeiro de 2006 ― eu já estava com quatorze anos ―, em um dia qualquer
retornando da escola, um cartaz me prendeu a atenção.
Nele havia versículos bíblicos escritos em um formato de fonte criativa e que
em destaque trazia o enfoque “Vinde e
Alegrai-vos”, anunciando um evento (homônimo) que a igreja promoveria por
aqueles dias, para atrair os jovens a um encontro pessoal com Jesus e
afastá-los das festas de carnavais que coincidiriam com a mesma data.
Fiquei refletindo um pouco sobre como se encontrava a minha vida, pois não
tinha amigos, não me relacionava com outros adolescentes, não gostava muito das
pessoas, vivia sempre isolado, sozinho e carente. Já nem queria mais ir à escola,
pensava que se fosse pra viver tão sozinho, a solitude do meu quarto já bastava.
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Fui
embora naquele dia com o coração inquieto. E quando chegou o dia do evento eu
ainda não tinha me decidido se iria ou não.
O que não espera é que minha avó fosse no tal retiro e já contava com minha
presença. Quando ela me notificou que “nós íamos”, tentei relutar e colocar
desculpas para convencê-la de que não ia, porém, não deu certo. Acabei me rendendo
e cedendo a insistência dela, embora não tivesse criado qualquer expectativa acerca
de mudança ou de ser impactado durante o encontro.
Pra o meu espanto, fui
surpreendido logo na entrada: uma pessoa que não me conhecia veio até mim,
cumprimentou-me com abraços e apertos e disse; “Jesus se alegra com a sua
presença neste local, jovem... E te espera para um encontro mais profundo com
ele durante estes dias”. Fiquei assustado com tudo aquilo. Que afeto era aquele por mim? Abraçando de
uma forma despudorada e sem saber se eu queria ser abraçado. Eu não estava habituado aquele tipo de receptividade.
Havia muito barulho, muita gente, luz, e pessoas felizes dançando ao som de um
louvor tocado por uma banda que eu não conhecia, mas que me cativaram desde o
começo. Com guitarra, baixo e bateria eu me deixei envolver pelo clima festivo,
apesar de que acompanhei tudo de longe em uma área arquibancada menos ocupada e
afastada.
Um
homem de mais ou menos 26 anos subiu ao palco, e começou a ler a bíblia e orar
a Deus. Senti uma vontade imensa de falar com Deus e orar também durante o
apelo de oração, pois todas as pessoas oravam e louvavam juntos com os braços
erguidos ao céu em uma grande adoração.
As palavras ministradas pelo jovem
vinham direto ao meu coração e dizia que eu era escolhido desde o ventre
materno para ser luz para as nações e que Deus estava junto de
mim para me fortalecer e me fazer vencer mesmo nas dores e necessidades (Jeremias
– 1: 4,6). Chorei muito e comecei a orar a Deus ― mesmo não sabendo o que dizer ―,
ajoelhado, me lavei em lágrimas com um coração moído e quebrantado pelo Senhor
Jesus.
Me senti tocado em vários momentos, não apenas neste, só não compreendia o
porque aquilo acontecia, se eu não orava mais e nem conversava com Deus antes
de dormir.
No
segundo dia, fiz questão de chegar mais cedo, antes mesmo de começar os
louvores, pois queria sentir novamente o calor do Espírito me envolvendo, me
tocando, falando e cantando ao meu ouvido e foi exatamente o que aconteceu. O
Espírito de Deus se fez presente novamente entre nós e tornou a usar as
palavras proferidas para virem de encontro a mim. Reconciliando-se comigo e me
dando regozijo e paz interior.
Depois
disso, comecei a querer mais e mais do amor de Deus. Voltei a ir à missa,
passei a ir em grupos de oração (Renovação Carismática Católica), aprendi que
Deus ouvia minhas orações mesmo que fossem feitas através do pensamento, que eu
não precisava de um bando de gente ao meu lado para aumentar o volume da minha
voz para que Deus me escutasse,pois até mesmo em meu silêncio Ele me ouvia.
Desde então, percebi que a essência do Espírito Santo, sua energia, poder e
presença encontravam-se guardadas dentro de mim em um grande rio manifestado em
minha vida.
A
oração constitui uma comunhão interior com Deus, isso significa que quando tomo
parte nessa comunhã de maneira ativa, coisas extraordinárias podem acontecer,
entretanto, meu primeiro desafio foi justamente aprender como me entregar e
permanecer entregue em oração. As escrituras nos dizem; “Orar sem cessar” a fim
de que, honrando Deus com todo o nosso ser, Ele ilumine o nosso caminho.
Devemos conversar com Deus, estar em comunhão com Ele, ter consciência de sua
presença junto a nós.
Às
vezes eu rezo a respeito de tudo, inclusive, do que vestir e do que comer,
mantendo meus pensamentos voltados para aquilo que acredito que vá honrar a
presença de Deus dentro de mim... Tenho longas conversas com Deus; faço
perguntas, confesso que vez ou outra falo pra Deus minhas frustrações, temores e ansiedades de formas nada honrosas,
no entanto o resultado é sempre consolador, porque Deus me amou, me ama e
sempre me amará, mesmo que chegue a tempestade, o deserto espiritual ou a
vontade de desistir.
Esta foi a minha primeira vez... com Jesus
Oro pra que o Senhor abençoe a todos que leram este meu grande testemunho (em
linhas/extenso) e que de certo modo sejam tocados por Ele. Glória e Honra a Ele se de fato sentiu-se tocado. Forte abraço. Paz!
Testemunho enviado por: Bruno Raphael