A crise administrativa por que passa a Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD) foi tema de uma reportagem extensa que denunciou a suposta existência de traições, desvios de dízimos e ofertas e má gestão da denominação neopentecostal brasileira que mais cresceu nos últimos anos.
A IstoÉ publicou, como tema de capa da edição do último
final de semana, uma matéria que ouviu líderes da igreja que denunciam a
existência de quadrilhas entre os pastores e bispos, que atuariam no sentido de
desviar a arrecadação da IMPD: “Cerca de 30% dos recursos que arrecadamos são
desviados. Por mês, R$ 30 milhões saem pelo ralo”, afirmou um alto dirigente da
Mundial no Rio de Janeiro, que preferiu não se identificar.
A perda dos horários na Band e Rede 21 para a Igreja
Universal do Reino de Deus aconteceu devido ao atraso de R$ 21 milhões no
pagamento ao grupo proprietário das emissoras. Deste valor, R$ 8 milhões eram
referentes a setembro, e os outros R$ 13, a outubro. “Pegaram a gente em um
momento de fraqueza. Gastamos R$ 300 milhões com templos ultimamente e vivemos
um tempo de estruturação e amadurecimento”, lamentou o líder que conversou com
a reportagem da revista. “Estamos pagando muitas prestações, os valores de
aluguéis aumentaram, temos muitas obras em andamento e acabou atrasando alguma
coisa. Aí, deixa de pagar um mês e vira um problema para a mensalidade
seguinte”, complementou o deputado federal José Olímpio (PP-SP), que ocupa o
posto de presidente da Mundial.
A descoberta de que quadrilhas formadas por pastores e
bispos estavam drenando a capacidade da denominação a partir dos desvios dos
valores arrecadados levou o apóstolo a caçar e excluir alguns dos que foram
descobertos.
“Há dois anos e meio, por exemplo, o Valdemiro descobriu
uma dessas quadrilhas no ABC paulista liderada pelo bispo e por seus auxiliares
e os expulsou”, afirmou a fonte.
O bispo Josivaldo Batista, braço direito de Valdemiro e
considerado número 2 na hierarquia da Mundial, foi recentemente transferido
para Lisboa, e substituído na função de administrar as finanças da igreja. O
escolhido para ocupar a função, bispo Jorge Pinheiro, é marido da irmã da bispa
Franciléia, esposa de Valdemiro.
Segundo declarações de um líder da cúpula paulista da
igreja, as investigações de Valdemiro mostraram que havia um grupo de pastores
e bispos próximos a Josivaldo Batista que estaria prejudicando a denominação:
“Ele se deu conta de que o problema advinha da concentração de poder em torno
dessa turma. Era gente pedindo avião para fazer não sei o quê, para ter
programa na televisão não sei onde, para abrir igreja em um grotão aí…”,
afirmou, reclamando da forma como o apóstolo administrou a Mundial até aqui:
“Ele se cercou de um estafe pequeno que blindava o acesso a ele. E, assim,
passou a ouvir pouco outras opiniões. Precisa amadurecer”.
As dívidas não abalaram apenas os projetos midiáticos de
Valdemiro. A Cidade Mundial, inaugurada com alarde em Guarulhos em dezembro de
2011, está fechada desde fevereiro de 2012 devido a inadequações do local para
o uso como templo. As prestações de compra do prédio custam R$ 5 milhões
mensais, e a falta de celebrações no local impede que o próprio templo arrecade
dízimos e ofertas para ajudar pagar o investimento. De acordo com a IstoÉ, a
decisão de Valdemiro foi se desfazer do local, assim como a Cidade Mundial do
Paraná.
Dênis Munhoz, advogado e vice-presidente da Mundial,
afirma que nos últimos tempos a igreja vem passando por uma reestruturação
administrativa, e que os casos de atrasos nos aluguéis vem caindo: “Esses
problemas diminuíram 70% nos últimos tempos. Se existe esse problema, a igreja
sempre tomou as providências rapidamente”.
“Muitas
vezes, é melhor dar um passo atrás para, depois, dar um maior à frente.
Valdemiro me disse que estava, inclusive, vendendo a sua fazenda no Mato
Grosso”, afirmou o alto dirigente da Mundial no Rio de Janeiro. A fazenda,
inclusive, tem sido objeto de investigações das autoridades, que desconfiam de
desvio de ofertas e dízimos pelo próprio apóstolo para adquirir a propriedade. Fonte: Gospel Mais
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